Villa da Quinta da Bolacha 

 Aspecto das estruturas depois da intervenção de 2000.Integração cronológica: época Romana.

Condições de visita: Por marcação, junto do Museu Municipal de Arqueologia.

                         

Localização: No lugar da "Quinta da Bolacha", numa vertente  pouco inclinada a Oeste da Ribeira da Falagueira. Acesso condicionado.

 

  A existência de uma Villa Romana no lugar da Quinta da Bolacha constitui um significativo exemplo da presença romana no Município. Esta foi descoberta em 1979 por António Gonzalez e João Cravo durante uma prospecção ao percurso do Aqueduto Romano na Amadora. Os trabalhos arqueológicos entretanto desenvolvidos consistiram na realização de sondagens em 1981, 1997 e 2000.

Taça em "terra sigillata"   Em 1981 foram abertas duas valas de sondagem no caminho de acesso à Quinta, detectando-se estruturas na vala Sul (um tanque, com revestimento em opus signinum, a que estavam associados uma canalização de chumbo, e um dreno). Os trabalhos foram interrompidos devido a acções destrutivas da população sobre os vestígios descobertos. Em 1997, na sequência de um pedido de obra para o local, efectuou-se uma nova campanha de sondagens a Este do local inicialmente escavado, tendo sido identificado uma parede, construída em pedra vã calcária de média e grande dimensão, consolidada com argamassa, apresentando no interior troços significativos do estuque que a revestia. Entre esta parede e o chão do compartimento detectou-se um dreno constituído por uma fiada de lajes adossadas, por telhas inteiras argamassada entre si e tijoleira junto às referidas lajes. Na intervenção de 2000 foi alargada a sondagem de 1997, tendo-se identificado nova parede transversal à primeira, intersectando com esta de maneira a formar um L. No espaço assim delimitado, foram identificadas novas paredes, que compartimentam o mesmo, bem como novos drenos e um lar (estrutura de combustão constituída por lajes de cerâmica).

 Pote  As estruturas descobertas em escavação, bem como os materiais recolhidos, não permitem uma interpretação absolutamente conclusiva sobre a que área funcional da villa pertencem estes vestígios. No entanto, a qualidade dos materiais recolhidos, bem como a presença de estuques, indiciam tratar-se de uma zona residencial. O espólio é bastante significativo, destacando-se ao nível cerâmico pratos e taças em Terra Sigillata, bem como potes e panelas em cerâmica comum, tendo também sido recolhidos diversos fragmentos de copos e taças em vidro, moedas em bronze, agulhas em osso, fíbulas e lucernas. De referir igualmente os abundantes materiais de construção, entre os quais: imbreces, tégulas, tesselas, tijolos de fornalha, tijoleiras e opus signinum.

   Villa é o termo latino que designa as grandes unidades de produção agro-pecuária, basicamente semelhantes em extensão ao que hoje se entende por latifúndio.As villae apresentavam igualmente uma dimensão social e política, permitindo a transmissão de uma imagem de abundância e prosperidade por parte de famílias abastadas e importantes, quer de meio urbano, quer rural.

  No que diz respeito à cronologia de ocupação da villa da Quinta da Bolacha, a informação disponível aponta de forma consistente para os séculos III e IV d.C., encontrando-se em aberto a provável existência de uma primeira ocupação, datável dos séculos I/II d.C., como parecem indicar os materiais recolhidos em contextos de revolvimento.

As estruturas identificadas em 1981 encontram-se neste momento cobertas, enquanto que as detectadas em 1997 e 2000 são visitáveis mediante marcação prévia no Museu Municipal de Arqueologia.

Bibliografia disponível :

Relatórios nº4 - VILA ROMANA DA QUINTA DA BOLACHA - Campanha de Abril/Maio de 1997; Jorge Miranda, Gisela Encarnação; Gabinete de Arqueologia Urbana/ ARQA, 1998.

CARTA ARQUEOLÓGICA DA AMADORA; Jorge Miranda, Gisela Encarnação, João Viegas, Eduardo Rocha, António Gonzalez;   Câmara Municipal da Amadora, 1999.

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